domingo, julho 24, 2005

Campos e Cunha out: A história do punho de ferro do frágil Sócrates

Num ano tivemos 4 Ministros das Finanças em plena recessão mundial e em crise orçamental.
Pouco há a dizer sobre isto... A nossa imagem internacional vai ficando mais cinzenta e somos cada vez mais "menos confiáveis" em termos económico-financeiros.

Campos e Cunha sai de uma forma bem infeliz. Sair ao fim de 4 meses de um novo governo, em que ele era a âncora da estabilidade e seriedade económica é um duro soco na imagem do executivo.

Sócrates sempre se debateu com uma indecisão: fazer o correcto e gerir o (pouco) dinheiro q temos, ou sucumbir aos desejos eleitoralistas do PS e abrir os cordões da bolsa.

O governo tinha, como qualquer governo tem em tempos de crise, uma luta de dinheiro:De um lado os ministros politicos a pedirem mais dinheiro para poderem mostrar serviço e cortarem umas fitas, e do outro o ministro das finanças, de preferência mais técnico que politico, a tentar segurar os gastos.
Foi assim com Manuela Ferreira Leite, foi assim (um pouco menos) com Bagão Félix.

Essa guerra foi a mais mediatizada dos ultimos governos. Artigos nos jornais, pressões públicas às claras por parte dos militantes socialistas.

Não escondo que estranhei a forma como isto ia aparecendo nos média, mas sempre pensei que Campos e Cunha tiveses peso no governo suficiente para resistir às marés.
Muito provavelmente ele também pensaria assim.

Face às palmas ecoadas pelos distintos militantes socialistas face ao Plano de Investimentos anunciado por Sócrates, Campos e Cunha ia anunciando que nada estava decidido. Ia travando o inevitável.

Sócrates acaba por tomar uma decisão de força. Força aparecente, pq forçar o ministro a sair é ceder aos interesses eleitoralistas do PS, que já via um desastre nas eleições autárquicas e presidenciais.
É o problema das democracias quando lideradas por fracos, está-se sempre a pensar nas eleições seguintes e não no futuro do país.

Campos e Cunha também não sai com a imagem limpa. Anunciar a saida por razões familiares e cansaço é algo que não lembra a ninguém. Cansaço ao fim de 4 meses????

Se o Presidente Sampaio tiver alguma consciência deve andar a dormir pouco. Correu com Santana Lopes para arranjar alguém que colocasse as contas em ordem e ao fim de 4 meses parece que está a ver o mesmo filme.
Mas culpas também tem de passar por ele. Se pensou de voz alta criticando Santana, este silêncio é uma conivência inacreditável.

E só torna licito pensarmos que se porta de maneira diferente por o governo ser PS.

NFL

Comments:
Literalmente boiei , já que o assunto é política em Portugal. Mal tenho tido cabeça para entender a política tão truncada e cheia de esquemas que é a brasileira.

Um abraço!
 
"(...)em que ele era a âncora da estabilidade e seriedade económica é um duro soco na imagem do executivo (...)" É claramente um elogio fácil a um ex-ministro que apresentou QUATRO vezes o pedido de demissão - assim se explica a rapidez na escolha e aceitação do novo ministro. Quanto ao resto, como um amigo meu diz : MOE-TE.
 
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